Segundo o site Wikipedia, fanatismo é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa, tema ou causa. Historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política, também o encontramos nos fã-clubes, nas preferências musicais, nos esportes e, até, nas mais diversas polêmicas acadêmicas. Por ser tão forte e insistente, se avizinha do delírio.
Fanatismo é muito diferente de entusiasmo ou engajamento em algo! Colecionadores de selos, por exemplo, podem ser dedicados à filatelia ao extremo, sem serem fanáticos. A devoção, a entrega e o comprometimento a um tema são frutos do amor. O que move os fanáticos, ao contrário, é o ódio!
Estes possuem um comportamento marcado pelo radicalismo e pela intolerância para com todos os que não compartilham de suas predileções. Um fã, por exemplo, pode ser leal e defender seu ídolo, sem ser fanático. Usar uma camiseta do Elton John não dá o direito a quem usa uma camiseta do Iron Maiden de começar uma briga. Os rixosos trazem uma visão dualística do mundo, dicotomizada e falsa, o que acentua os traços pouco humanísticos destes ´doutrinados´. Veja bem, ninguém é mais doutrinado do que o próprio doutrinador. O mundo se torna um lugar entre ´nós´ e ´eles´. Amigos e inimigos. Fiéis e infiéis. ´Defensores das liberdades´ e aqueles que pensam diferente [!].
Por um mecanismo de identificação patológica com o objeto da idolatria, a repulsão guia os fanáticos, que são marcados pela agressividade, preconceito, estreiteza mental, credulidade, subjetividade de valores e individualismo. Não são apenas intolerantes, o conceito mais amplo de fanatismo envolve um rancor de intensa energia, imoderada, na defesa de algo qualquer, de forma apaixonada, indo além da normalidade. O extremismo não prima pelo qualitativo, mas pelo quantitativo. Kalmer Marimaa1, cientista social europeu, em seu ensaio abaixo referenciado, frisa que o fanatismo é um fenômeno universal que pode se manifestar em qualquer atividade humana.
Faz parte do processo civilizatório identificarmos estes excessos, para sairmos deste primitivismo atávico ligado à ignorância, ainda tão frequente nos dias atuais. Acreditamos, fervorosamente, que evoluiremos sempre que pensarmos de forma clara e correta. Não extrapole o bom senso; modere-se!
Dr. Rogério de Almeida Tárcia, médico em Belo Horizonte/MG.
1) Marimaa, K. The many faces of fanaticism. ENDC Proceedings. 2011, vol. 14; p. 29-55.
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