No dia 20 de maio de 2023, o jornalista Ricardo Feltrin, divulgou um vídeo em seu canal, no YouTube, que revelou uma notícia chocante: o estupro da engenheira Esmeralda, funcionária da Rede Globo, ocorrido há cerca de sete anos.
Essa revelação chocante, levanta questões urgentes sobre o compromisso e a responsabilidade do Sistema Confea/Crea diante de um crime tão grave cometido contra uma mulher engenheira. É pífio o manifesto feito ontem pelo Confea e pelo Crea-MG via Instagram. É profundamente perturbador constatar o inexplicável silêncio do Sistema em relação a essa terrível violência praticada contra uma engenheira. Esse mesmo Sistema, que se autodenomina defensor dos interesses das engenheiras, e conta com setores dedicados a essa causa, nunca se manifestou e nem adotou uma postura clara diante dessa denúncia alarmante. Por que não seguir o movimento “Movimento Esmeralda”, manifestação das(os) profissionais da Globo para repudiar um caso de assédio sexual que teria ocorrido na emissora em 2017 e foi noticiado também em reportagem da revista Piauí na última sexta-feira (19)? O Presiende do Confea deveria se vestir de verde, os Presidentes dos Crea”s de azul. Poderiam fazer dessa data triste, uma data de lembrança, de vigia contra o estupro. Fazer um manifesto público, na Av. Paulista-SP, e em frente ao Supremo Tribunal Federal em Brasília.
A ausência de iniciativa, de realizar qualquer coisa contundente, no caso, deve-se, principalmente, a órgãos como o Confea e o Crea-RJ, que não se preocuparam com o assunto, apesar de divulgarem matérias em que se apresentam como paladinos e defensores dos direitos da mulher engenheira. Essa omissão levanta dúvidas sobre a efetividade e o real engajamento dessas instituições na luta contra a violência de qualquer natureza.
Os institutos femininos de engenharia, financiados pelos Confea/Crea’s também deveriam se manifestar. Tais entidades, que têm como missão principal representar e proteger as mulheres engenheiras, ainda não se manifestaram diante desse caso tão grave. É, pois, essencial, que elas assumam uma postura ativa e solidária, unindo-se na luta contra a violência de gênero e apoiando as vítimas. Por exemplo, o IEATM (INSTITUTO DE ENGENHARIA E ARQUITETURA DO TRIANGULO MINEIRO), que tem uma mulher na presidência (Arquiteta) e o vice-presidente um Engenheiro Civil, deve se manifestar. Todo o Sistema CONFEA/CREA’S deve se manifestar em todas as cores, de todos os modos possíveis e inimagináveis.
O descompromisso das atuais direções do Confea e dos Crea’s e das Entidades de Classe que a representam, diante dessa prática nefasta, é inaceitável, pois cabe a essas instituições promover um ambiente seguro e respeitoso para todos os homens e mulheres engenheiras (os), garantindo que casos de violência sejam devidamente apurados e punidos, indistintamente.
É lamentável constatar que o Confea e os Crea’s parecem preocupar-se mais em criar setores ineficazes, criar resoluções, com a preocupação apenas de arrecadação financeira. Os profissionais, homes e mulheres, são autuados sem notificação prévia, ação tão grave quanto a violência de gênero
Diante desse cenário, a ABRAEI – Associação Brasileira dos Engenheiros Independentes reafirma, de maneira veemente, seu repúdio a qualquer forma de assédio, violência, agressão ou menosprezo a quem quer que seja. É fundamental que todas as entidades envolvidas no campo da engenharia, e a agronomia, da arquitetura, incluindo todas as entidades que são mantidas pelo Sistema Confea Crea’s, se unam na defesa dos direitos e na proteção das mulheres das engenharias e da arquitetura. A sociedade espera ações concretas, políticas efetivas e uma postura de responsabilidade por parte dessas instituições, visando um ambiente seguro, igualitário e livre de violência para todas as profissionais envolvidas.
Eng. Civil, José Ribeiro de Miranda
Presidente da ABRAEI e-mail: [email protected]