O que é a engenharia diagnóstica?

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Em função do objetivo da investigação e da idade da edificação, a engenharia diagnóstica estabelece ou elege a ferramenta mestra a ser utilizada. Doutrina engloba todas as fases do processo construtivo e adeptos garantem que está apta a direcionar e orientar todas as ações investigativas, preventivas ou corretivas. (Imagem: Shutterstock)

Objetivo da disciplina é auxiliar o meio técnico nas investigações sobre as edificações, mediante o uso de ferramentas como vistorias, inspeções, auditorias, perícias e consultorias, com o intuito de aprimorar a qualidade ou apurar responsabilidades.

Você já ouviu falar em engenharia diagnóstica? Trata-se de uma disciplina relacionada à avaliação de estruturas, edifíciossistemas e componentes de engenharia. O objetivo é detectar e diagnosticar falhasdeficiências ou eventual deterioração de desempenho. Mas como essa doutrina surgiu e como se relaciona, por exemplo, com as perícias de engenharia e a patologia das construções?

AECweb – O que é a engenharia diagnóstica? Como o termo foi criado e com qual objetivo?

Jerônimo Cabral Pereira Fagundes Neto – A engenharia diagnóstica em edificações teve uma definição original, que seria a arte de criar ações proativas por meio de prognósticos, diagnósticos e prescrições, visando a qualidade total. Esse conceito foi atualizado recentemente e menciona a utilização das ferramentas diagnósticas, visando justamente o diagnóstico de níveis de desempenho com o intuito de aprimorar a qualidade ou apurar responsabilidades. A doutrina foi criada com base na medicina diagnóstica, que trata da saúde humana. O fundamento é auxiliar o meio técnico nas investigações técnicas das edificações, mediante o uso das ferramentas diagnósticas, que possuem atribuições específicas, mas podem ser utilizadas de formas mesclada, conforme o objetivo da investigação.

“As ferramentas da engenharia diagnóstica são as vistorias, as inspeções, as auditorias, as perícias e as consultorias em edificações”

Eng. Jerônimo Cabral Pereira Fagundes Neto

AECweb – Quais são as principais ferramentas de trabalho e as normas técnicas relacionadas à engenharia diagnóstica?

Cabral – As ferramentas da engenharia diagnóstica são as vistorias, as inspeções, as auditorias, as perícias e as consultorias em edificações. Cada uma dessas ferramentas tem um objetivo principal e, inclusive, uma palavra-chave, que nos oferece uma dica do que vai ser tratado especificamente naquele determinado trabalho. Salientando que elas também são utilizadas de forma mesclada. Para a vistoria, a palavra-chave é constatação técnica de determinado fato, condição ou direito relativo a uma edificação. Já a inspeção vai além da vistoria, porque trata de uma análise, um aprofundamento. E tem também o condão de fazer uma classificação de risco, de prioridade de intervenção, além de uma recomendação técnica simplificada. Já a auditoria em edificações se encarrega de realizar o atestamento de conformidade, ou não, em relação a um documento, como um projeto ou um contrato. Toda vez que você fizer algum tipo de comparativo com documento, projeto ou contrato, está praticando uma auditoria. As perícias tratam da determinação de origem, causa e mecanismo de ação de um fato, condição ou direito em relação à edificação. E, finalmente, temos a consultoria em edificações. Pressupondo que o diagnóstico foi realizado, por exemplo, a partir de uma de uma perícia, o objetivo da consultoria é justamente a determinação do prognóstico, a prescrição técnica, com base em sintomas, para verificar qual será a evolução dos problemas.

AECweb – E as normas técnicas relacionadas à engenharia diagnóstica?

Cabral – A engenharia diagnóstica não está relacionada em nenhuma norma técnica da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Nós tivemos, no entanto, uma publicação do Instituto de Engenharia, entidade tradicional com mais de 106 anos, em São Paulo, que apresenta as diretrizes de engenharia diagnóstica em edificações, que trata justamente das ferramentas que já mencionei. Traz também uma compilação de diretrizes de nove trabalhos técnicos, incluindo a norma de inspeção predial, a norma de inspeção de manutenção predial e a norma de avaliação de desempenho em edificações.

“Os profissionais, às vezes, fazem alguma confusão em relação à engenharia diagnóstica e às etapas do processo relacionadas à patologia e aos prognósticos. Na verdade, alguns não estão preparados, capacitados ou, eventualmente, desconhecem a doutrina”

Eng. Jerônimo Cabral Pereira Fagundes Neto

AECweb – Qual é a diferença entre a engenharia diagnóstica, as perícias de engenharia e a patologia das construções?

Cabral – Patologia, na verdade, é uma ciência da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos de ação, as causas e as origens dos problemas das construções civis. Estuda os aspectos que compõem o diagnóstico desses problemas analisados. Às vezes, o sintoma é confundido com a própria doença. A engenharia emprestou essa terminologia da medicina, onde existe uma diferenciação entre a ciência que estuda o problema e a doença propriamente dita. Mas, muitas vezes, se confunde a doença com o sintoma e a denomina como sendo uma determinada patologia. Os sintomas patológicos são as lesões, os danos, os efeitos que estão sendo investigados. As manifestações patológicas podem ser descritas e classificadas, orientando o diagnóstico. Entre os sintomas comuns que podem ser citados, para exemplificar, temos as fissuras, as trincas, infiltrações, eflorescências e manchas, corrosão de armaduras, descolamento de revestimento e assim por diante. Já as perícias de engenharia atuam na determinação do nexo causal, ou seja, a identificação de anomalias ou falhas de um sistema construtivo, visando o diagnóstico e a apuração de causas por mecanismo de ação. O resultado da perícia deve ser consolidado em um laudo, cujas conclusões têm que ser fundamentadas, expostas de forma objetiva e sempre embasadas em referências técnicas. Já a engenharia diagnóstica, propriamente dita, em função do objetivo da investigação e da idade da edificação, estabelece ou elege a ferramenta mestra a ser utilizada na investigação. Uma pergunta fundamental, proposta e respondida pela engenharia diagnóstica: qual é o objetivo do trabalho? O que se pretende demonstrar com ele? Para exemplificar: em uma inspeção de recebimento de obra, quando um engenheiro diagnóstico cita uma planta, um projeto, faz justamente um referencial a um atestamento de conformidade. Compara o que foi efetivamente executado com o projeto, a norma ou ainda o contrato que foi estabelecido entre as partes.

As pessoas também perguntam:
Como se tornar um perito na construção civil?

AECweb – Alguns profissionais da área têm afirmado que a engenharia diagnóstica compreende apenas uma das etapas dos processos relacionados à patologia, que também passaria por prognóstico, medidas preventivas de desempenho e procedimentos de correção. Qual é a sua opinião a respeito?

Cabral – Os profissionais, às vezes, fazem alguma confusão em relação à engenharia diagnóstica e as etapas do processo relacionadas à patologia e aos prognósticos. Na verdade, alguns não estão preparados, capacitados ou, eventualmente, desconhecem a doutrina. Tiveram acesso somente a algumas publicações, por vezes, ultrapassadas, como, por exemplo, a própria norma de perícias, a NBR 13752, que está em fase final de revisão para entrar em consulta nacional. Então, muitas vezes, eles negam por negar os benefícios da engenharia diagnóstica. Se você se deparar com qualquer necessidade de investigação na construção civil, seja de sintomas, causas, de mecanismo de ação, prognósticos e prescrições, a doutrina possui as ferramentas e indicações específicas, para serem utilizadas, inclusive, de forma mesclada. Dá para resolver todas essas situações. Tentamos, inclusive, inserir na norma de perícia os preceitos da engenharia diagnóstica, mas ainda vamos ver o que, de fato será aproveitado. A norma está em fase final de redação. Note, portanto, que a abordagem da engenharia diagnóstica é abrangente. Engloba todas as fases do processo construtivo e está apta a direcionar e orientar todas as ações investigativas, preventivas ou corretivas ao longo das diversas etapas do processo construtivo. Desde o planejamento, passando pelo projeto, fase de execução – inclusive a especificação de materiais e de mão-de-obra –, a entrega da obra e depois, ao longo também da fase de uso, operação e manutenção das edificações.

Créditos|Fonte: www.aecweb.com.br | Texto: Cozza Comunicação

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