POEMA: esse poema tem como objetivo fazer uma homenagem àquele que no mundo moderno ocupa o topo do desenvolvimento nas mãos dos engenheiros e arquitetos.
Procuro dar a palavra poética ao texto, sem, no entanto, perder a ênfase técnica que o tema merece. Desta forma seu endereço é diretamente aos profissionais da engenharia e arquitetura.
O Concreto
Sua vida é a estrutura,
Sua morte é a ruptura;
A água que te hidrata
É a mesma que te mata;
Na mesa do calculista nasce o abstrato,
No subsolo da obra floresce seu retrato.
É o concreto. Na massa onde ele nasce
Está a ciência de sua face.
Da água surge um convívio de amor e ódio
Do fator água/cimento o elemento de vida ou morte.
Suas formas retas ou curvas vêm da arquitetura.
A sinfonia visual é lida e amada como a partitura.
Do solo à cobertura lá verá o concreto,
Pré-moldado, misturado, curvo ou reto.
Nos entremeios da história, sempre esquecido
Porém jamais preterido.
No campo ou na cidade,
Na obra sempre é majestade.
Ó concreto rei dos palácios, casebres e mansões.
Abriga em seu dorso, senhores, beldades e anciões.
O concreto nos edifícios é o rei dos ares
Nas pontes, portos e canais é o rei dos mares.
O engenheiro bem te conhece, respeita,
Venera e desafia ainda que aborrece.
No sucesso gera o canto e a alegria.
Na derrota, chora esmorece e nem assovia.
Perguntaram ao concreto: quantos anos viverás?
Ele respondeu: somente o tempo dirás.
Cimento, água, areia e pedra. Parece mistura singela.
Mas é ali onde a força do concreto se revela.
Sem vida, sem morte, um corpo frio.
Abriga, aquece, embeleza e enobrece.
Veio o casamento, sem namoro e nem paixão.
O concreto e o aço vivem a sublime comunhão.
As vezes em mentes desatentas, esmorece.
Sofre angústias em demandas que não merece.
Um corpo robusto, oriundo da rocha e do aço
Mostra vigor, saúde, mas queda-se moribundo.
Sua vida e saúde repousa no engenheiro,
Se adoece e esmorece o calculista é companheiro.
Para a obra rumo ao infinito é um poema,
Para a mente do seu criador um teorema.
Desse concreto que tanto se fala,
Se repousa em pequena ou grande escala.
Ó concreto, és belo como uma rosa de pedra,
Não murcha, nem desfolha, mas fissura e quebra.
Uma peça delgada ou robusta,
És soberano no mundo da compressão.
Mas se curva cadente diante da flexão.
A fôrma que te protege quando nasce
De madeira ou metálica, te abandona quando cresce.
Trabalha na compressão, torção, flexão, tração.
És frio, gelado, não tens coração.
Mas na solidão da obra, até parece um irmão.
Não parece nem será.
Mas no descuido da obra,
Sobre o solo em queda ficará.
Um sábio perguntou para o calculista.
Em sua obra o que é mais difícil?
Respondeu o engenheiro: é pôr de pé um edifício.
Parado, estático está nas obras do mundo.
Perambula pelos céus ou solo dessa terra a todo segundo.
Até já te chamam de velho. Querem te abandonar.
Colocar em seu lugar, a peça de aço. Mesmo a enferrujar.
Dono da força, filho da terra.
Cidadão do mundo. Seu coração de pedra,
Só traz a paz jamais a guerra.
Te jogaram de pronto: Tens a vida petrificada.
Respondeu o concreto: apenas seus olhos veem assim.
Tenho a alma purificada.
Ó concreto, filho querido. Não me deixe na sorte.
Me acompanhe na vida até o túmulo da morte.
Créditos: Autor: engº Lázaro Elveci de Oliveira
Ficha técnica
- Arquitetos : Lina Bo Bardi
- Ano: 1968
- Endereço: Avenida Paulista 1578, Bela vista São Paulo Brasil
- Tipo de projeto: Cultural
- Materialidade: Concreto e Vidro
- Estrutura: Concreto
- Implantação no terreno: Isolado