Graute cimentício ou à base de resinas? Como escolher?

Compartilhar

Propriedades técnicas, faixa de resistência e aplicações variam em função dos diferentes tipos de graute.

Os grautes encontram múltiplas aplicações na construção civil. Eles podem ser empregados em reforços estruturais, no preenchimento de colunas e em reparos de pisos, bem como para ancorar e chumbar fixadores e tirantes.

Embora tenham uma aparência de argamassa fluída, os grautes não são todos iguais. Eles podem ser cimentícios e resinados, produzidos na obra ou adquiridos pré-dosados.

Entre os grautes cimentícios estão os produtos que têm como aglomerante principal o cimento Portland, além de outros constituintes, como agregados, adições e aditivos para controlar características como trabalhabilidade e resistência mecânica. “As principais reações nesses produtos são de hidratação do cimento, que está sujeito à retração. Por essa razão, algumas adições e aditivos costumam ser indicados para reduzir a relação água/pó da mistura ou compensar a retração com reações de expansão”, explica Michel Haddad, gerente técnico na Sika.

Os grautes cimentícios estão disponíveis em diversas faixas de resistência. Os produtos de baixa resistência (inferior a 20 MPa), não são adequados para uso estrutural. Há, também, produtos de alta precisão e desempenho, como os empregados em torres eólicas, com resistências entre 80 e 150 MPa.

Já os grautes resinados têm como base uma resina polimérica, em especial a epóxi. “Geralmente, eles possuem retração próxima de zero, além de maior resistência química e à fadiga”, revela Haddad, explicando que as principais reações nesses produtos envolvem a polimerização da resina (componente A) com um agente catalisador (componente B). Há, também, a adição de um terceiro agente (componente C) com agregados e aditivos responsáveis por resistência, controle das reações exotérmicas, espessura de aplicação, coeficientes de expansão etc.

GRAUTES INDUSTRIALIZADOS E PRODUZIDOS NO CANTEIRO

Assim como ocorre com as argamassas, os grautes podem ser produzidos no canteiro, a partir da dosagem seguida da mistura de seus componentes. Há, também, a versão industrializada, fornecida pré-dosada. De modo geral, os grautes industrializados passam por um processo de desenvolvimento e de controle de qualidade mais rígido. O objetivo é garantir não só a manutenção das características essenciais do produto, mas também sua homogeneidade.

“Isso não quer dizer que não seja possível obter um graute de boa qualidade no próprio canteiro de obras. Mas, em geral, muitas das matérias-primas empregadas nos produtos industrializados não estão facilmente disponíveis para obras de pequeno e médio porte. Além disso, como os custos para execução de um plano de ensaios apropriado são elevados, algumas características importantes deixam de ser avaliadas ou controladas adequadamente quando os grautes são produzidos no canteiro”, pondera Michel Haddad.

CUIDADOS NA APLICAÇÃO DE GRAUTES

Para especificar o produto mais adequado às necessidades da obra é fundamental conhecer as particularidades da aplicação, bem como os requisitos do projeto. Como existem diversos tipos de grautes, com características variadas, é comum que a escolha do consumidor seja pautada somente por resistência à compressão e preço.

“No momento da seleção, é preciso avaliar diversos fatores, incluindo o método e a espessura de aplicação, o tempo necessário para a realização desse procedimento versus o tempo de vida útil da mistura, a necessidade de resistência à fadiga, entre outros. Além disso, é necessário que a mistura seja executada com equipamentos apropriados, a fim de preservar suas características”, destaca o gerente técnico da Sika.

Embora seja um serviço simples, a aplicação de grautes não pode prescindir de alguns cuidados, conforme cita Izaias Batista da Silva Junior, especialista técnico na Vedacit. “Os grautes cimentícios ou de base epóxi conseguem promover aderência sobre o concreto existente, desde que a superfície esteja íntegra. É indispensável, portanto, atenção a todos os detalhes durante a aplicação, desde o preparo do substrato, a garantia de estanqueidade das formas e as boas práticas de cura, no caso dos grautes cimentícios”, ressalta Silva Junior.

Créditos: Texto: Juliana Nakamura | aecweb | Colaboração Técnica Michel Haddad , Izais Batista da Silva Junior | Foto: Okaycm’Stocker/Shutterstock

Postagem anterior
Próxima postagem

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × um =